O meu objetivo nesses textos é, na maioria das vezes, apenas abordar de forma incomum assuntos comuns. O tema hoje é tão freqüente que quase posso chamar de regra.
Essa semana fui ao dentista. Isso mesmo, dê aquele suspiro de "Céus, detesto isso!". Eu também detesto. Inclusive, caso algum de vocês leitores goste, por favor levante a mão, atire a primeira pedra e me mande um e-mail, explicando os lados positivos da consulta.
Pois bem, entrei na sala de espera e olhei ao redor. Esses lugares são todos iguais: mesinha da secretária (cuja beleza é sempre extremamente alta ou baixa, raramente um meio termo.), uma televisão presa na parede e um aquário acompanhado sempre com uma plaquinha rídicula, normalmente com os dizeres "Proibido pescar" ou "Cuidado, água molhada".
Sou o segundo na espera, e parece que o doutor está tendo dificuldades com o atual paciente. Ouço grunhidos de dor, objetos caindo, mais gemidos, um grito abafado... Meia hora depois a porta do consultório se abre e de lá sai uma loiraça com um vestido vermelho bem curto e amarrotado. O doutor fez um bom trabalho: o sorriso da moça vai de orelha a orelha.
Ele chama o próximo paciente (que não sou eu) e fico só, na sala, olhando o aquário. Num comercial, alguém começa a cantar algo do tipo "Quem me dera ser um peixe...". Passar a vida olhando a vida passar sem nada poder fazer, dependendo sempre do dono lembrar de colocar comida... não me agrada muito a idéia, mesmo que eu faça borbulhas de amor. Se for para isso, prefiro ser dentista mesmo.
Depois de um bom tempo de devaneios, finalmente minha vez chega. Alcanço o consultório, sento na cadeira e a tortura começa: machuca ali, puxa lá, aquelas perguntas desnecessárias feitas pelo dentista justamente enquanto lança um jato de água na minha garganta (enxaguando no processo minha barba)...
- Pronto, rapaz, você não tem nada. Volte semana que vem. - Mas se eu não tenho na... - Rose, marca um horário pra ele na terça que vem. - Acho que não é nece... - Tchau rapaz, até semana que vem. Rose, chame o próximo.
Em poucos e confusos instantes estava do lado de fora do prédio. Não tinha nada a fazer senão voltar para casa, com a ligeira sensação de ter sido enrolado...
enviado por César as 16:08

......................................................................................
|