Esse fim de semana meus pais viajaram, baseados no fato, é lógico, de que eu vou cuidar da casa. Mas para eles, um pouco de precaução sempre é bom, portanto deixaram alguns bilhetes estrategicamente posicionados, no intuito de evitar que eu faça, ou não faça, alguma coisa. Eis alguns deles:
- Não esqueça de colocar a comida na geladeira - - Não deixe acumular louça suja na pia - - Coloque comida para os cachorros - - O peixe pode ser inútil, mas não há porque matá-lo - - Não jogue as meias no lixo - - Não toque nos relógios - - Mantenha a casa seca e cuidado com os vizinhos -
Lembretes dignos de um débil mental, não? O primeiro dia acabou sem incidentes. Deixo o banho dos cachorros para amanhã, a louça também, o texto do diário idem, a vassoura pode esperar... enfim, um dia tranquilo. Deito tão vazio quanto a minha casa e começo a sonhar. De repente estou num campo de futebol, marcando o terceiro gol depois de muita pressão em cima do time adversário. Enquanto isso, a comissão técnica recusa a mala de dinheiro oferecida por um rapaz de camisa azul, calça vermelha e boné branco. A torcida delira. Todos levantam ao mesmo tempo e soltam um grito vigoroso: - TIC! TAC! TIC! TAC!
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Maldito relógio! Acordo, arremesso o despertador pela janela e volto a dormir. Levanto no dia seguinte cheio de disposição e em pouco tempo arrumo a casa toda. Recebo uma mensagem de uma menina, me convidando para ir ao cinema, e o meu celular toca. O número que aparece no display é da Clara. Atendo, mas o telefone continua tocando... Maldito aparelho! Acordo e vejo quem é: - Bom dia! O senhor acaba de ganhar um curso grátis de informática. Por apenas... Arremesso o telefone pela janela. A casa está uma bagunça, mas antes preciso de um banho para acordar. Vou me despindo e deixando a roupa pelo caminho, jogo as meias na lixeira e entro no chuveiro. Meu celular toca, saio pelado e todo molhado procurando pelo objeto. Depois de revirar a casa toda, lembro de tê-lo arremessado. Vou até o quintal. É o Tom, me chamando para ir à biblioteca. - Hoje não dá, deixa pra semana que vem. Tenho certeza que a bibliotecária vai te esperar. Volto correndo para o banheiro, pois uma vizinha gorda já me devorava com os olhos. Acabo o banho, coloco o peixe para os cachorros comerem, jogo fora a comida que estragou (ficou fora da geladeira a noite toda), lavo correndo a montanha de louça suja e meus pais chegam. - Pronto - eu digo - A casa está em ordem e nem precisei dos seus bilhetes.
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enviado por César as 23:48

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